quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ócio Produtivo, Disposição para Aposentadoria

Aposentado, sim; ocioso, jamais!
Publicado em 03/05/2009 Bernt Entschev
João é um senhor com vasta experiência adquirida ao longo de seus 70 anos. Trabalhou a vida inteira como executivo e presidiu, ao longo de sua caminhada, três grandes corporações. Durante sua carreira, viveu num ritmo intenso, muitas viagens a negócios, almoços com clientes e finais de semana à disposição da empresa. Seus colegas e funcionários diziam que João era um exemplo de profissional, porém não entendiam como ele nunca se desligava da empresa. Ele respirava a corporação e, para tudo o que fazia, tomava como princípio os interesses da organização.

Nos últimos anos de sua caminhada profissional, porém, João já estava cansado e não encarava o trabalho com o vigor dos anos anteriores. Muitas vezes, ao acordar, sentia-se estafado, talvez pelo organismo que já não aguentava a rotina atribulada. O executivo parecia torcer para que o tempo passasse depressa e a sensação que tinha era de que precisava urgentemente de férias. Ele esperava ansiosamente pela sua aposentadoria, acreditando ser a salvação de sua vida, e acreditava com todas as suas forças que, após anos e mais anos se dedicando aos interesses da organização, poderia, finalmente, dedicar-se a si próprio. Alguns amigos chegaram a sugerir a ele que fizesse um plano de aposentadoria com alguma consultoria, porém ele não achou necessário.
Entretanto, mesmo ansiando por isso, quando sua aposentadoria, enfim, chegou, João se viu perdido num universo infinitamente sem graça e sem cor. Nos primeiros dias sem nada para fazer, ele acordava um pouco mais tarde e se dedicava a uma caminhada matinal num parque próximo de sua residência.
Chegou a lamentar ter perdido a chance de desfrutar de tão agradável atividade por tanto tempo de sua vida. Passadas algumas semanas, porém, as caminhadas já não eram suficientes para alegrar seus dias e ele começou a buscar outras formas de se satisfazer.
Tentou viagens, artesanatos e atividades mais próximas de sua família, mas nada era suficiente. De repente, depois de anos mergulhado em estratégias, metas, objetivos e muitos números, sua vida se tornou tão apática que chegava a ser assustador. O antigo executivo começou a questionar sua importância para o mundo e a se sentir inútil. Aos poucos, sem que percebesse, foi entrando numa profunda depressão e, quando menos esperava, tornou-se um “velho ranzinza”.
A aposentadoria, por mais que fosse esperada, não surtiu um efeito positivo para aquele homem que ainda possuía muita energia para gastar à frente de uma equipe. O erro de João foi acreditar que sua missão como profissional já havia acabado. Nos últimos anos em que trabalhou, não se preparou para o dia em que finalmente poderia pendurar as chuteiras e aderir ao chinelão. E agora, quando realmente poderia aproveitar esses dias de descanso, não sabia como usufruir de seu ócio.
O que aconteceu com João é, na verdade, uma das coisas mais comuns que acontecem com os aposentados de hoje. Após passar anos se dedicando a uma profissão, muitas pessoas se esquecem de planejar seus dias de aposentado. E não estou falando de planejamento financeiro, o que também é importante. Mas, sim, do plano de aposentadoria, aquele que define o que o aposentado fará após encerrar suas atividades profissionais. É importante se preparar psicologicamente para as mudanças que ocorrerão na vida a partir desta data. Alterações na rotina, na forma de trabalhar, se é que se continuará trabalhando, etc. Muitos resolvem virar empresários, outros preferem se dedicar a algum hobbie e, às vezes, torná-lo rentável. Mas, independentemente de que forma levará sua aposentadoria, é importante ter a consciência de que o fim da carreira deve ser planejado para que frustrações não ocorram na parte da vida em que isso menos deveria acontecer. Pense em como você gostaria de passar a última etapa de sua vida e planeje.



Curitiba - PR

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