quarta-feira, 3 de março de 2010

STJ não reconhece decadência para benefícios anteriores a 1997

Revisão previdenciária anterior a junho de 1997 pode ser pedida a qualquer tempo


25/02/2010

É firme no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o prazo decadencial [para que se exerça um direito] para pedir revisão de benefícios previdenciários incluído na Lei de Benefícios (Lei n. 8.213/1991) em 1997 não atinge as relações jurídicas anteriores. O entendimento está pacificado nas duas turmas da Terceira Seção há mais de uma década.

Já em 2000, o ministro Hamilton Carvalhido, quando integrava a Sexta Turma do STJ, definiu: Não possui eficácia retroativa o artigo 103 da Lei n. 9.528/97 quando estabelece prazo decadencial, por intransponíveis o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República e artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil).

Também nesse sentido, o ministro Jorge Scartezzini, da Quinta Turma, afirmou durante o julgamento de um recurso do INSS realizado em 2001 (Resp 1147891): “O prazo decadencial instituído pelo art. 103, da Lei n. 8.213/91, com redação dada pela Medida Provisória n. 1.523/97, não se aplica aos pedidos de revisão de benefícios ajuizados antes de sua vigência, por não ter o novo regramento aplicação retroativa”.

A Medida Provisória n. 1.523/97, convertida na Lei n. 9.528/1997, deu nova redação ao caput do artigo 103 da Lei dos Benefícios, instituindo o prazo de decadência de 10 anos para todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
A nova redação também determina que prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, conforme dispõe o Código Civil.

A questão foi muito bem esclarecida pelo atual corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, quando integrava a Quinta Turma (Resp 254186). Segundo ele, “antes da nova regra, o segurado podia, a qualquer tempo, buscar a revisão do cálculo de sua renda mensal inicial, embora tivesse prescritas as diferenças ocorridas no quinquênio anterior ao ajuizamento da ação”. O instituto da decadência foi incluído na nona edição da MP 1.523, publicada em 27 de junho de 1997.

Inicialmente, explica Gilson Dipp, o prazo foi fixado em 10 anos, porém com a edição da Lei n. 9.711, ele foi reduzido para cinco anos, igualando-se ao da prescrição. “O prazo decadencial de revisão, em se tratando de direito material, atinge apenas os benefícios concedidos após a MP 1523, isto é, 27.06.97, pois a norma não é expressamente retroativa, sendo de 10 (dez) anos, para os benefícios concedidos entre 28.06.97 (MP 523/97) e 20.11.98 (Lei n. 9.711/98) e de 5 (cinco) anos, a partir de 21.11.98”.

O ministro Dipp explicou, ainda, que a regra não alcança o direito de ajuizar ações revisionais que busquem a correção de reajustes de benefícios, que continuam atingidas apenas pela prescrição quinquenal.

Processos: Resp 1147891; REsp 260616; Resp 254186; REsp 243.254; REsp 233168

2 comentários:

silvio tosi jr disse...

OLÁ DR. SOU O DR SILVIO TUSI JUNIOR DE SANTIAGO/RS, NOS CONHECEMOS NO EVENTO DE GRAMANDO AQUI NO SUL, ENTRO EM CONTATO DEVIDO A ATUAL POSIÇÃO DA TNU A CERCA DA DECADÊNCIA A SER APLICADA INCLUSIVE COM EFEITOS NOS BENEFÍCIOS ANTERIORES A 1997 QUANDO SEQUER EXISTIA TAL INSTITUTO JURÍDICO. TAL POSIÇÃO É DO FEITO N° 2006.70.50.00.7063-9 DO PARANÁ QUE FOI JULGADO NA TURMA NACIONAL RECENTEMENTE.
POR FAVOR GOSTARIA DE SABER SE SABE DE POSIÇÃO CONTRÁRIA POIS ESTAMOS MEIO DESNORTEADOS COM ESTA DECISÃO,
ATENCISOAMENTE SILVIO TUSI JUNIOR, ABRAÇÇOS,

Cesar Augusto Kato - Kampa & Kato Advocacia, Consultoria e Assessoria Previdenciária disse...

O jeito é esperar o STF...